Ao falar na sessão plenária da Cúpula do Mercosul, hoje (21), em Mendoza, na Argentina, o presidente Michel Temer disse que os chanceleres do bloco reconheceram formalmente “a ruptura da ordem democrática” na Venezuela e os países integrantes do Mercosul não se calarão diante de retrocessos. Segundo Temer, o bloco tem “apego inegociável” à palavra “democracia”.
“E essa é a postura do Mercosul em seu conjunto. Nossos chanceleres reconheceram formalmente a ruptura da ordem democrática na Venezuela. Nossa mensagem é clara: conquistamos a democracia em nossa região com grande sacrifício, e não nos calaremos, não nos omitiremos frente a eventuais retrocessos”, disse Temer.
Ele afirmou que acompanha com grande preocupação a situação na Venezuela e avaliou que é natural que existam na região governos de diferentes inclinações políticas, mas que é fundamental que se observe o primado do Estado Democrático de Direito.
Segundo o presidente, já não há mais espaço na América do Sul para prisões arbitrárias, medidas de repressão política e atitudes e atos incompatíveis com os preceitos democráticos.
Aos chefes de Estados dos países integrantes do Mercosul, Temer disse que as carências sociais na Venezuela “ganham contornos de crise humanitária” e que o Brasil está disposto a unir voz aos que reclamam a volta da democracia. “Somos profundamente sensíveis à deterioração do quadro político-institucional, às carências sociais que, nesse país amigo, ganham contornos de crise humanitária”, disse.
O Mercosul é formado por Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai. Em 2012, a Venezuela passou a integrar o bloco econômico e atualmente está suspensa em função da complicada situação social e política pela qual passa o país.
Brasil na presidência do Mercosul
Na reunião de hoje, o Brasil assume a presidência temporária do Mercosul pelo período de seis meses. No discurso, o presidente Michel Temer disse que, à frente do bloco, o Brasil se orientará pelas marcas do diálogo e da responsabilidade e seguirá fortemente o engajamento nas negociações para fechar um acordo comercial com a União Europeia.
Temer disse ainda que a gestão brasileira trabalhará para estreitar os laços do Mercosul com os países da Aliança do Pacífico. Ele citou dados segundo os quais, juntos, o Mercosul e a Aliança do Pacífico reúnem cerca de 80% da população da América Latina e do Caribe. Segundo ele, outra vertente será a busca pela aproximação com parceiros asiáticos.
Temer observou ainda que, diante das pressões protecionistas que perduram, é preciso resistir ao isolamento e insistir nos processos de integração. “O fechamento ao outro é um obstáculo ao desenvolvimento”, finalizou.
Agência Brasil