Se o crédito por meios públicos para os pequenos negócios atingidos pela pandemia de Covid-19 se mostra pouco acessível, a aposta é na força das grandes empresas e das entidades representativas. Dessa forma, um movimento que surgiu para oferecer suporte financeiro a setores impactados pela crise chega a Minas Gerais, com potencial de injeção de R$ 100 milhões.
O programa Estímulo 2020 Minas foi apresentado nesta quarta-feira em uma entrevista coletiva virtual com seus idealizadores e incentivadores. E a promessa é de que já na semana que vem tenha início a liberação de recursos, por meio do Sicoob/Credifiemg, cooperativa da Federação das Indústrias do Estado. A previsão inicial é de alcançar mais de mil empresas com faturamento anual de até R$ 1 milhão, especialmente nas áreas de varejo, alimentação e serviços.
A ideia é repassar aos negócios beneficiados o equivalente a um mês de faturamento, em duas parcelas, sendo a primeira imediatamente e a outra em 60 dias, com carência de 90 dias para início do pagamento das parcelas (até 15), e juros anuais de 7%. O presidente da Fiemg, Flávio Roscoe, destacou que a entidade vai alavancar, na proporção de 4 reais para cada investido, o montante arrecadado inicialmente. “Nós conseguimos o que eu chamo de sinergia. Reunindo pessoas imbuídas em resolver problemas é mais fácil encontrar soluções”.
“Criamos um relief fund (fundo de alívio), algo comum nas principais economias do planeta, mas raro no Brasil. É difícil ser empreendedor no país, e procuramos fazer com que a sociedade pudesse apoiar os pequenos. É muito bonito ver o nível de engajamento em Minas. A meta inicial era de levantar R$ 10 milhões, mas o que aconteceu foi a superação total das expectativas. Tivemos adesão maciça de empresas, pessoas físicas, entidades filantrópicas”, destacou Eduardo Mufarej (GK Ventures), um dos criadores do programa.
A lista de parceiros da iniciativa em Minas envolve empresas como Localiza; MRV; Energisa, Supermercados BH; Grupo Bamaq, Direcional; Barbosa Mello; bancos BMG, Inter, Máxima e BS2; Arcelor Mittal, Pif Paf, Mater Dei, Afya e Grupo Ferreira Lopes, entre outras. O programa está aberto a novas doações, inclusive de pessoas físicas, para ampliar o montante a ser emprestado.
Rubens Menin (MRV e Banco Inter) lembra que o alcance da iniciativa vai além de permitir a sobrevivência de negócios duramente impactados pela crise. “As pequenas empresas foram dizimadas, sem liquidez. Se levarmos em conta que o valor disponível permite atender de mil a 1.200 empresas e cada empresário gera, de forma direta, 20 empregos, e indiretamente, 50, estamos falando de 60 mil postos de trabalho. Será uma injeção de adrenalina para a economia mineira voltar a gerar negócios”.
O Estímulo 2020 conta, ainda, com outros instrumentos de suporte, como oferta de contas bancárias digitais gratuitas; capacitação, suporte jurídico e acesso a programas de venda online em plataformas como Amazon e Mercado Livre. No site “Estímulo 2020” é possível aderir ao programa e também colaborar com a arrecadação de recursos a serem disponibilizados.
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