“Não sou uma estrela”: assim o ex-presidente uruguaio José ‘Pepe’ Mujica recusou-se a participar da sessão de fotos pós-coletiva de imprensa e a ficar em pé diante do público para receber os aplausos. Depois da exibição desta segunda-feira (3) de “El Pepe, Uma Vida Suprema”, do sérvio Emir Kusturica, foi embora, quebrando os protocolos.
A atitude mais próxima de Pepe ao estrelato foi distribuir autógrafos no tapete vermelho. Além disso, Kusturica disse que conversar com o ex-mandatário é algo “fora do normal”. “Estou muito feliz por tê-lo conhecido e por fazer que a sua história seja conhecida através desse filme”, comentou.
Aproveitando a atenção e os holofotes, Mujica apresentou os seus posicionamentos políticos. Segundo ele, a Europa carrega uma culpa pelo que acontece na África, em uma “longa história de erros que partem do colonialismo”. Assim, ele aponta uma única solução possível para a crise migratória: uma espécie de plano Marshall que faça reviver o continente. “Do contrário, o mar Mediterrâneo não será suficientemente grande para se tornar um cemitério”, afirmou.
Já sobre a Venezuela, que passa por uma trágica crise econômica e humanitária, Mujica disse que está “confiante de que o povo sozinho conseguirá reagir”.
O ex-presidente, que governou o Uruguai de 2010 a 2015, demitiu-se do cargo de senador no último 14 de agosto e devolveu 70% do seu salário vitalício aos mais pobres através da Fundação de assistência que carrega o seu nome. O documentário “El Pepe, Uma Vida Suprema”, fora do circuito de competição de Veneza, conta a história a partir do seu último dia na Presidência do Uruguai.
Ansa Brasil