O ministro extraordinário da Segurança Pública, Raul Jungmann, afirmou hoje (11) que a influência das milícias vai “se perpetuar” nas eleições. Porém, ele avisou que há um grupo especial formado por integrantes do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), da Polícia Federal, das Forças Armadas e da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para identificar a ação dos milicianos.
Jungman concedeu entrevista à rádio Jovem Pan. Segundo ele, ações semelhantes deverão ser tomadas contra o crime organizado que atua com o tráfico de drogas e armas no país.
“É o que eu dizia na época [do decreto de intervenção federal no Rio de Janeiro, em fevereiro] e repito até hoje: que estão sob o controle do tráfico e do crime organizado. E isso ainda vai se perpetuar por essa eleição”, disse.
O ministro disse que o governo prepara medidas para “reduzir e minimizar essa influência [nas eleições] e denunciar aqueles que se possa provar que provêm das milícias ou delas são aliados.”
De acordo com Jungmann, o grupo especial fará uma espécie de “filtro e identificar os que estarão ligados a essas milícias”. A proposta é reunir informações com apoio do TSE e reforçar o monitoramento em áreas identificadas como de risco e sob ameaça.
Intervenção Federal
Com três meses incompletos do início da intervenção federal no Rio de Janeiro, Jungmann afirmou que “não é razoável” a cobrança de resultados significativos. Segundo ele, 1 milhão de moradores do Rio vivem “em um regime de exceção” sob intensa influência de milícias e traficantes de drogas.
Para o ministro, é importante observar os avanços que ocorrem desde fevereiro até o momento. Ele citou melhoras no sistema penitenciário, mudanças nos comandos das forças de segurança e a atuação das polícias.
“Você não sai da situação trágica a que se chegou, você não refunda polícias, você não reestrutura, não recicla, não prepara todo esse aparato policial e de segurança pública do Rio de Janeiro em 90 dias”, afirmou Jungmann.
Ordens expressas
O ministro ressaltou que a previsão é que a população carcerária brasileira chegue a 1 milhão de pessoas, em 2019. Segundo ele, o Rio de Janeiro reúne a terceira maior quantidade de detentos no país. De acordo com Jungmann, 33 vistorias em 21 unidades prisionais de sete estados identificaram um mesmo modo de ação entre os presos. “Praticamente tudo entra e sai de dentro dos presídios”.
“O que quer dizer, na prática, que existe uma espécie de acordo branco, acordo tácito entre o crime organizado e o controle do sistema prisional, seja por parte das secretarias de administração, seja por parte do próprio governo”, observou o ministro.
Marielle Franco
Cinquenta e sete dias após o assassinato da vereadora do Rio de Janeiro Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes, o ministro reiterou que as investigações avançam e estão na reta final. Uma nova reconstituição do crime, ocorrido em 14 de março, acabou na madrugada de hoje.
“O que existe é que, digamos, você está entrando, como já disse ontem, na reta final. Agora, fixar um prazo, dizer um dia específico, não é possível. Até porque casos complexos como esse, reviravoltas podem acontecer. Acho que a previsibilidade disso é baixa”, afirmou Jungmann.
Em seguida, o ministro acrescentou: “Acredito que [a conclusão da investigação] está avançando, que está se conseguindo reunir todo um conjunto de informações fundamentais, sobretudo em termos probatórios porque o que importa é chegar aos executores e mandantes e ter provas para fazer uma denúncia”.
Agência Brasil