Acompanhando de perto as discussões que envolvem a adoção ou não de medidas mais restritivas por parte do Município, os profissionais de saúde enfrentam nos bastidores, uma verdadeira batalha para manter funcionando os leitos de UTIs disponíveis em Ituiutaba. Isto porque, apesar de toda a estrutura física disponível, inclusive equipe médica organizada, não há no mercado os medicamentos essenciais para intubação e sedação de pacientes com quadro grave da Covid-19.

Enquanto alguns defendem a abertura do comércio e da livre circulação de pessoas se apegam no fato de que até a data desta sexta-feira (26), Ituiutaba não registrava nenhum paciente na UTI, os profissionais de saúde torcem para que este quadro não se modifique. Isto porque, de nada adiantam os leitos reservados e os respiradores disponíveis para o tratamento do novo coronavírus, se não houver os medicamentos necessários para a realização dos procedimentos de sedação e intubação dos pacientes.

“Estamos vivendo uma situação jamais imaginada. Há poucos dias, não haviam respiradores no mercado. Esta semana, recebemos oferta destes equipamentos, de fornecedor confiável e por um preço abaixo do que eram negociados há 30 dias. Agora estamos diante do drama da falta de medicamentos, que quando encontrados, estão custando até 280% mais caros, como é o caso dos sedativos cloreto ou maleato de midazolam” disse o secretário de Saúde, Isaías Tadeu.

A situação é a mesma, tanto na rede privada, quanto na rede pública de saúde. Segundo o médico e diretor clínico do Hospital São José, Rodrigo Braga, a indústria estava acostumada a trabalhar com uma determinada demanda por medicamentos e, diante disto, mantinha seus estoques estabilizados. Este quadro mudou completamente com a chegada da Covid-19.

“Para se ter uma ideia deste aumento de demanda, em uma cirurgia normal, utilizamos medicamentos para manter o paciente sedado e anestesiado por um período médio de duas horas. No caso do paciente da Covid-19, internado na UTI, submetido à ventilação mecânica 24 horas por dia, esta demanda é no mínimo, dez vezes maior. Como o período médio de internação é de 15 dias, este consumo de um único paciente corresponde ao que gastaríamos para realizar 150 cirurgias”, comparou o diretor do HSJ.

Ele alertou ainda, que além da dificuldade de encontrar estes medicamentos disponíveis no mercado, quando encontram, os preços estão majorados. “Cancelamos a realização de cirurgias eletivas, justamente para concentrar a estrutura que temos disponível, incluindo os medicamentos, para o atendimento aos pacientes do novo coronavírus. Trata-se de uma doença que ainda estamos conhecendo, mas que o quadro clínico de uma pessoa infectada pode mudar drasticamente de uma hora para outra. Por isso precisamos estar preparados”, concluiu Rodrigo Braga.

Ascom

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