(Imagem: Divulgação/Sejusp)

Se o problema era a falta de envelopes e selos, agora os presos da Penitenciária Deputado Expedito de Faria Tavares, em Patrocínio, no Alto Paranaíba, não vão deixar de escrever cartas para seus familiares. Isto porque a equipe de assistentes sociais da penitenciária desenvolveu o Projeto Carta Social, que visa resgatar, a partir das correspondências, os vínculos afetivos e familiares rompidos com a situação de privação de liberdade.

A carta escrita à mão, tão pouco usada nos dias de hoje, será o meio de comunicação para que os internos expressem seus sentimentos aos seus entes queridos.

Com o apoio do Conselho da Comunidade de Execução Penal da Comarca de Patrocínio, que destinou recurso para o desenvolvimento da iniciativa, foram adquiridos selos e envelopes suficientes para atender aproximadamente 700 detentos, entre homens e mulheres, pelo período de 12 meses. Agora, o elo, muitas vezes perdido em função da distância, poderá ser resgatado pela troca de cartas com pessoas importantes.

O projeto é uma alternativa para viabilizar aos presos o contato com o mundo exterior, já que nem todos os familiares têm condições financeiras para realizar a compra de envelope e selos. Além disso, muitos dos presos atendidos não recebem visita de seus familiares, em virtude da distância geográfica entre a unidade prisional e a casa dos seus parentes.

A diretora de Atendimento da penitenciária, Heloísa Helena de Oliveira, explica que será dada prioridade para detentos com pouco ou nenhum contato com familiares. “A proposta está sensibilizando os presos e alguns já começaram a escrever as cartas dentro das celas. É um momento único, bem propício para reflexões íntimas”, valoriza a diretora.

Para a direção-geral da unidade prisional, o projeto representa valores imensuráveis: os laços familiares, o acolhimento, o amor e a dignidade. A estimativa é de que, mensalmente, cerca de 400 cartas sejam escritas pelos presos de Patrocínio. Na próxima semana, inclusive, as assistentes sociais Jaciara Marcilio, Cícera Leal e Luci dos Santos vão postar as primeiras cartas.

Outro viés importante do projeto é a prática da escrita e da leitura que será desenvolvida com os internos. Mesmo com idade já madura, há detentos que não têm facilidade para escrever e ler. A iniciativa, por sua vez, será incentivadora desse hábito. Para esse objetivo, as pedagogas da unidade acompanharão todos os assistidos e os ajudarão a formular os dizeres nas linhas do papel.

“Nunca escrevi nada para a minha família. Será muito importante poder dizer para todos eles que sinto saudades e que estou, dia após dia, procurando ser uma pessoa melhor para eles”, afirma um dos detentos, feliz por saber que seus parentes receberão notícias suas a partir de uma carta escrita por ele.

 

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