Uma “brincadeira” de extremo mau gosto, cujo objetivo é dar uma rasteira em um dos participantes enquanto ele pula, tem assustado médicos, pais e responsáveis de crianças e adolescentes. A prática, que pode provocar sequelas e até matar, tem ganhado destaque nas redes sociais nesta semana.

O tema retornou à tona em todo o país após a divulgação de vídeos de pessoas “brincando” em escolas. Em novembro do ano passado, uma adolescente de 16 anos, de Mossoró (RN), morreu após participar da brincadeira. À época, Emanuela Medeiros foi levada a um hospital com traumatismo craniano, foi atendida, mas não resistiu.

De acordo com Wagner Lemos, presidente da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia, regional Minas, o ato é grave devido à forma da queda e o local que pode ser lesionado.

“Se o trauma ocorrer no crânio, o paciente terá um Trauma cranioencefálico (TCE), com limitação de movimentos e perda da sensibilidade. Se for na região cervical (pescoço), haverá dano à coluna medular, que fará a pessoa perder o movimento dos braços (paraplegia) ou dos braços e pernas (tetraplegia)”, explicou.

Segundo o especialista, é importante relembrar que essas brincadeiras envolvem não apenas crianças e são ainda piores quando há o consumo de álcool. “Nosso trabalho também foca em campanhas de prevenção contra acidentes em geral, em piscinas, envolvendo brincadeiras e ingestão de bebidas. Não é incomum encontrarmos nos pronto-socorros de BH pessoas com traumas graves oriundos desses atos”, disse.

Lemos ainda reforça ser “extramente importante” conscientizar a população. “De maneira nenhuma isso é engraçado. É grave e pode gerar morte, como gerou”.

Diálogo é solução

O engenheiro de produção Antônio Afonso Alves, de 50 anos, é pai de um garoto de 13 anos. Para ele, a “brincadeira” é especialmente preocupante porque pode ocorrer nas escolas, em um período em que os adolescentes costumam ser influenciados pelos colegas.

“Em uma tentativa de se encontrarem, de saberem onde eles se enquadram ou se adaptam nos grupos, eles acabam, por vezes, indo ‘na onda’ dessas brincadeiras”, disse. O contra-ataque a essa realidade vem com diálogo aberto e franco sobre essa e outras questões.

“Assim que recebi o vídeo ou mesmo quando recebo outros, que ridicularizam pessoas, eu mostro imediamente ao meu filho e o oriento sobre os assuntos”, complementou Antônio, que é morador do bairro Nova Gameleira, na região Leste da capital.

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