O jornalismo da TV Vitoriosa recebeu mais uma denúncia, de mais um caso de paciente enterrado com suspeita de coronavírus em Uberlândia, segundo as famílias, sem sequer apresentar os sintomas. Este é o segundo caso apresentado à nossa equipe em menos de uma semana. O primeiro foi da idosa Balbina José dos Santos, de 82 anos, que morreu horas depois de cair da maca do Siate. De acordo com os parentes dela, o médico afirmou que a ordem era para, nos casos de morte, colocar Covid-19 ou causa indeterminada como causa mortis.
Agora mais uma família nos procurou. Desta vez, Edenilza Ferreira de Araújo conta que perdeu o marido após uma crise de bronquite e asma crônica na semana passada. Ela acusa o município de forçar um laudo de morte por suspeita de Covid-19.
Adeilton Santos de Oliveira, tinha 29 anos. Ele morreu após passar mal com falta de ar após pular a janela para dentro de casa. O socorro foi chamado e desde o primeiro atendimento o paciente foi tratado como caso suspeito de coronavírus.
Marli Ferreira de Araújo é cunhada de Adeilton e foi quem acompanhou os primeiros socorros. Segundo ela, não havia sintomas que pudessem ser confundidos com coronavírus.
A esposa de Adeílton chegou a tempo de ver o marido sendo levado pela ambulância e esta foi a última vez que o viu com vida.
“Eu pedi pra ele pelo amor de Deus pra poder reagir, pra poder sair dessa. Eu só vi as lágrimas caindo do olho dele”, disse a esposa antes de Adeílton morrer.
“A única imagem que eu tenho dele bem é dele me beijando e me dando tchau, que eu viesse com Deus. Eu falei fica com Deus também. Bom trabalho.”
De acordo com a mulher, o corpo foi embalado e encaminhado rapidamente para a funerária. E mesmo a esposa insistindo que ele não tinha nenhum sintoma da Covid-19, o caixão foi lacrado. Adeílton foi enterrado como mais um caso suspeito de coronavírus.
Agora, com o laudo em mãos ela teve confirmadas todas as afirmações da família à equipe médica de que Adeílton não tinha coronavírus. Deu negativo.
Em caso de dúvida, o ministério da saúde recomenda que os protocolos de funeral e sepultamento sigam os mesmos padrões dos casos confirmados. O objetivo, segundo a nota técnica que dita os trâmites de manejo de corpos no contexto do novo coronavírus, é evitar contaminação de profissionais e familiares. Mas a família questiona como é feita essa filtragem dos casos de Covid-19.
Agora a família de Adeílton vai à justiça pedir para exumar o corpo e descobrir a verdadeira causa da sua morte, podendo garantir um velório digno, com o último adeus da família.
Esse é apenas mais um caso em Uberlândia que coloca em xeque o verdadeiro número de vítimas da Covid-19. Na última sexta, 12, ao dar entrada na UAI Planalto, com quadro de hipoglicemia, dona Balbina dos Santos caiu da maca. A paciente sofreu fraturas pelo corpo e horas depois morreu. O laudo da morte era causa indeterminada. A família exigiu um laudo correto. O médico então teria deixado à escolha dos familiares colocar Covid-19 ou indefinido.
Jaki Barbosa