‘Jardel de 2017’, Lucas Barrios chegou ao Grêmio pela porta dos fundos do Palmeiras Fonte: Lucas Uebel/Grêmio

O Grêmio está a 180 minutos de comprovar pela terceira vez a Lei de Lavoisier: “Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”. O tricampeonato da Copa Libertadores da América pode repetir uma velha fórmula que deu certo na conquista do primeiro troféu, em 1983, e no bi de 1995: pratas da casa + renegados ilustres desconhecidos = título continental.

Como um catador de produtos recicláveis, o tricolor gaúcho foi à caça de jogadores que ninguém queria. O time titular conta com Edilson, Bruno Cortez, Fernandinho e Lucas Barrios. No banco, Paulo Victor, Léo Moura, Maicon, Cristian, Cícero… A química está prestes a dar certo novamente. A decisão contra o Lanús começa nesta quarta-feira (22/11), às 21h45, em Porto Alegre, e terminará na próxima semana, na Argentina.

Até o técnico Renato Gaúcho é candidato a herói improvável. Ironizado por fazer reciclagem como técnico nas praias do Rio de Janeiro, fechou o ano passado tirando o Grêmio do jejum. O clube não conquistava títulos nacionais desde 2001. Neste ano, amargou eliminação nas semifinais do Campeonato Gaúcho e da Copa do Brasil, abriu mão da Primeira Liga, é vice-líder do Brasileirão e está na finalísima da Libertadores. Com a experiência de quem deixou o título escapar em 2008 à frente do Fluminense diante da LDU, Renato pode ser o primeiro brasileiro campeão como jogador (1983) e treinador.

Goleiro do Grêmio na conquista do bi, em 1995, o deputado federal Danrlei (PSD-RS) admite o dom do Grêmio para descobrir anônimos e reformar jogadores descartados. “Aquele time do Felipão era bem isso. Ninguém sabia quem era Arce. Muito menos Rivarola, que formava uma senhora dupla de zaga com o Adílson. O Dinho estava lá no Santos, encostado. E o Luis Carlos Goiano? Trouxemos do Remo. Tínhamos  Paulo Nunes e o Jardel, baita dupla de ataque. Um time desacreditado ganhou a Libertadores”, lembra em entrevista ao Correio.

A dinastia da camisa número 7 do Grêmio na Libertadores começou com Renato Gaúcho em 1983, passou pelo indesejado Paulo Nunes, em 1995, e tem Luan como candidato em 2017.

Curiosamente, Luiz Felipe Scolari não queria Paulo Nunes. O atacante foi cedido pelo Flamengo depois de uma grave contusão. Magno, apelidado à época de “Romagno” pela torcida rubro-negra, era quem interessava ao técnico. Felipão considerava Paulo Nunes magrelo demais para a Libertadores.

“Quando o Grêmio falou que tinha fechado o grupo, foram muito fortes as criticas, jogadores desacreditados, que estavam sem atuar nos seus clubes. O Adilson e o Dinho eram as maiores referências. Enfim, existiam muitas dúvidas”, comenta o meia aposentado Carlos Miguel.

Danrlei nota coincidências entre 1995 e 2017. “O Kannemann veio do México. O Geromel, pra mim o melhor do Brasil, só conhecia quem acompanhava o Campeonato Alemão. O Lucas Barrios lembra um pouco a chegada do Jardel. Edilson e Bruno Cortez, nem se fala. Quem no futebol brasileiro queria esses dois laterais até pouco tempo?”, provoca o ídolo tricolor. “E aí,o Grêmio sempre tem meninos bons da base para mescalar”.

Questionado sobre o motivo que faz do tricolor um dos clubes brasileiros que mais reciclam jogadores, Danrlei defende sua tese. “O Grêmio dá o tempo necessário para o atleta se adaptar à realidade do clube, aprender as característica, o jeito de jogar, o estilo do time. É lógico que já passou por lá muita gente que não teve jeito, mas há paciência. Veja o caso do Barrios. Nâo foi o mesmo no Palmeiras. Pode pegar esses medalhões que não estão dando certo lá no eixo Rio-São Paulo e mandar para o Grêmio que ele vão passar a jogar, terão tempo para isso”, desafia.

Para o jogo de ida da final, o técnico Renato Gaúcho contará com força máxima. Embalado por cinco conquistas em 10 anos — entre eles um bicampeonato argentino (2007 e 2016) e uma Copa Sul-Americana (2013), o Lanús chega à decisão com status de quem eliminou dois campeões continentais: San Lorenzo e River Plate.

Superesportes

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *